O CRIADO-MUDO
O CRIADO-MUDO
Ele ouve nossos sussurros de amor,
Sente o cheiro de lascívia no ar,
Vê com os olhos estáticos, o nosso fervor,
Parece que sente contudo o nosso tesão,
De nossas loucuras em corpos sedentos,
âmagos voluptuosos,
vontades endêmicas,
despudorada paixão,
e atos consentidos (entregas sem dor),
é ele, testemunha ocular.
Tudo vê, tudo ouve, e a tudo presente.
Ele está lá... mas deveras, inconsciente.
Calado, parado, sem se mexer.
Continuemos então sem medo ou pudor
o nosso louco modo de amar.
Teremos sigilo, segredos tranquilos,
sem angústias à se disputar...
O criado-mudo, peça de antigo móvel,
adornos expostos, abajur que ilumina,
Um ser inanimado.
O criado-mudo, embora no quarto ocupe lugar,
ele por si, ficto ser,
o seu nome já diz (é mudo),
Não tem nada à dizer,
Não tem nada à falar.
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 28/10/2015