UM BEIJO PARTIDO (não sentimental)
UM BEIJO PARTIDO (não sentimental)
Adorno bonito, sensível, de origem exterior.
Mero presente - pra mim - que na sala era imponente.
Ficava bem à frente.
Dividia com outros, a vaidade pessoal.
Era um beijo natural, apego de um casal.
Mas foi rápido e passageiro.
Ao ligeiro toque sem pretensão, um descuido,
partiu-se ao chão.
Rompeu-se a ilusão, em cerâmica.
Um beijo partido, que era querido.
Fatos da vida, em mera dinâmica.
E concluí... que os beijos, amores, sonhos, desejos,
se frustram. Se quebram, se partem ao meio,
em dezenas de cacos quebrados ao chão.
Aquele beijo se partiu. Por consolo, não me feriu.
Era apenas um objeto.
E abjeto, os sentimentos também se partem, se vão,
por vezes, nos deixam perdidos, sem pretensão.
Era um beijo bonito, querido, gostado e comprado.
Não era sentimento.
Restou estraçalhado ao impacto do chão.
Ai eu apenas lamento... um beijo ao menos na minha coleção.
Aos sentimentos, infames, derramo prantos,
vagueia-se a ilusão.
Antonio Jadel
Enviado por Antonio Jadel em 26/08/2015
Alterado em 26/08/2015