COMO SE FOSSE UM POEMA
O nosso amor seria um poema, se não fosse
tão depressa esquecido...
Tão cêdo êlle apagou-se
do nosso coração, que já nem sei
porque motivo, outrora, não chorei
a morte dêsse affecto incomprehendido.
O nosso amor seria tudo
quanto a vida pudesse offerecer
para a minha feliz consolação.
Já, contigo não sonho, nem me illudo.
Entretanto, eu queria inda viver
do enlêvo fugaz desssa illusão.
À minha mocidade,
essa affeição, unicamente, trouxe
uma promessa de felicidade
que não passou de um sonho colorido.
Hoje não soffro por não seres minha.
Mas nosso amor, querida, como vinha,
Seria um lindo poema, se não fosse,
Por você, tão depressa esquecido...
obs: texto original de 27/12/1939, atribuido a Durval de Mendonça (constante no caderno de poesia de meu pai, Antonio Sava Mendes).
Durval de Mendonça
Enviado por Antonio Jadel em 17/08/2015
Alterado em 17/08/2015
